Post publicado pela primeira vez em 09/06/2009, em meu antigo blog, o PGNMB, em parceria com meus colegas da faculdade de jornalismo, Joel Minusculi e William De Lucca.
Sexta-feira passada (5) fui assistir ao show do Blues Etílicos, na Expresso Choperia, em Balneário Camboriú (SC). Presenciei um espetáculo de profissionalismo, virtuose e amor à Música. Sim, com “M” maiúsculo mesmo. Um desfile de canções em que se percebia de forma harmoniosa a combinação de sons e silêncio. Goste você ou não do gênero.
Ir ao show me deu a certeza de que nem tudo está perdido e que ainda se faz música por amor, com sinceridade, música honesta e não essas porcarias comerciais que poluem os dials das rádios e os programas de televisão. Entristece-me em perceber que a cultura musical da grande maioria das pessoas é tão inexpressiva, que se contentam com uma pseudo-música feita por encomenda, para poluir os ouvidos dos mais exigentes.
Tudo bem que gosto é pessoal e blá-blá-blá, mas é inegável o talento musical que os caras do Blues Etílicos têm e o tesão que é ouvir música bem feita, bem executada. Onde estão os representantes do bom rock nacional atualmente? Fresno? NX0??? O que é isso, minha gente?
Pior é perceber a quantidade absurda de duplas sertanejas que polulam por aí. Esse povo multiplica mais quegremlins na chuva. Os jovens, aqui em Balneário, só ouvem isso dentro de seus carros, com o som em um volume ensurdecedor e patético. Pois atestar o mau gosto musical para todo mundo, para mim não tem outra explicação. Eu teria vergonha de ouvir esse tipo de música alto.
Foi lamentável também perceber que a casa não estava lotada e que se fosse um show dessas duplinhas de araque, ou de um grupo de breganejo, o local estaria mais cheio. Mas a culpa é de quem? Das gravadoras? Da mídia? Da falta de cultura musical da maioria dos jovens?
Cheguei a uma triste conclusão: Se a música consumida hoje, requer rótulos esdrúxulos do tipo “universitário” e letras apelativas, ou atrizes pornôs que não sabem cantar, em coreografias lamentáveis, são porque o nível de exigência musical das pessoas, atualmente, está pior do que nunca. Pior é que não vejo um sinal de mudança. A galera tem preguiça de pensar e escutam o que está na moda, o que lhe empurram goela abaixo. Queria uma juventude brasileira mais exigente.
Lembrei de uma frase do Kid Vinil, ao discorrer sobre a qualidade musical feita no Brasil: “O que é sertanejo universitário? Na minha época de faculdade eu ouvia Chico Buarque”. Pois é, a música consumida hoje está muito ruim, em minha opinião e eu sei que muitos irão contra mim por esse desabafo. Mas vamos combinar: se “música é a arte de combinar sons”, vamos ao menos fazer a lição direitinha.
E quero fazer um apelo aos mecenas da vez, que ao invés de investirem sua grana em algo abominável, como Sexy Dools, valorize o jovem talento que investe uma vida inteira aprimorando seu dom e não consegue espaço na mídia para mostrar seu trabalho. Lembre-se, Boa Música fica, atravessa gerações. As porcarias produzidas hoje em dia, duram um verão e só e não acrescentam nada.
Como diria meu bom e velho amigo João Arnaldo, do Fórum Beatles Brasil.com, “Em uma sociedade como a nossa, em que as pessoas não estudam música, não tocam instrumentos musicais, não há como esperar nada melhor do que o que já temos. Ou vocês acham que é possível esperar que pagodeiros, com seu infinito conhecimento de música (Harmonia, Melodia e Ritmo), poderiam entender a beleza existente nas pautas de Vivaldi ?”
Republicou isso em Pitadas do Sale comentado:
Relembre…
Antes de tudo devemos lembrar que qualquer coisa de qualidade, é necessário EDUCAÇÃO. Se essas crianças tivessem acesso aos instrumentos musicais e a todos tipos de música, a qualidade elevaria-se. Eu penso assim.
Concordo que uma boa educação nos ajuda apurar nossos gostos! Mas também é uma questão de interesse, de ir atrás e não se contentar com o que empurram goela abaixo!