Levy Fidelix promove discurso homofóbico em debate

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Entre as bizarrices que somos obrigados a nos deparar quando assistimos o Horário Eleitoral Gratuito ou os Debates promovidos com os presidenciáveis, o discurso homofóbico de Levy Fidelix (PRTB) na madrugada desta segunda-feira, 29, no debate promovido pela TV Record, foi um dos mais deploráveis.

Quando Luciana Genro (Psol) perguntou qual a sua posição frente aos direitos homoafetivos, Fidelix discorreu uma série de colocações ofensivas, preconceituosas e que incitavam a violência contra homossexuais. “Dois iguais não fazem filho”, “aparelho excretor não reproduz” e “Vamos ter coragem! Nós somos maioria! Vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los”, incitou, após até mesmo comparar gays a pedófilos.

Foram 90 segundos de discurso. Fidelix abandonou o discurso “politicamente correto” que adotou em momentos anteriores da campanha. O que se viu nessa madrugada foi uma série de impropérios de ódio aos gays. Isso em uma TV aberta. “Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô, que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto”, bradou sobre o fato de sua opinião o fazer perder votos.

Não satisfeito com o que já declarara, em sua tréplica continuou com seu preconceito: “Vai pra [Avenida] Paulista e anda lá e vê, é feio o negócio”. Ainda citou definindo os homossexuais como “esses que têm esses problemas” e finalizou: “que sejam atendidos no plano psicológico e afetivo mas bem longe da gente, bem longe mesmo, por aqui não dá”.

Bizarro e caricato, Levy Fidelix sempre foi visto como um “personagem” por jornalistas e eleitores. Um pseudopolítico à frente de um partido de aluguel. Agora é conhecido como um homem que incita a violência contra os homossexuais, com um discurso estúpido, demagógico e vulgar. Mas, o mais triste, é perceber que o riso da plateia e parte da população que acompanhou o debate da Record, apoiam o candidato nas redes sociais, com o discurso de que “ele teve coragem de dizer o que pensa”, provando que a violência contra os gays, infelizmente, é socialmente aceito.

Afirmo, Levy Fidelix não é corajoso, é um idiota. Deve ser responsável por seu discurso em rede nacional onde promoveu, para milhares de pessoas que assistiam, o ódio ao ser humano. Fidelix é um criminoso. E lamento os rumos dessa eleição. Ninguém repudiou o discurso deplorável de Fidelix, talvez por medo de perder votos daqueles que concordam com a sandice. Para terminar, deixo uma consideração ao fato, feita pelo jornalista Leonardo Sakamoto:

Pessoas como Levy Fidelix deveriam também ser responsabilizadas por conta de atos bárbaros de homofobia que pipocam aqui e ali – de ataques com lâmpadas fluorescentes na Avenida Paulista a espancamentos no interior do Nordeste. Pessoas como ele dizem que não incitam a violência. Não é a mão delas que segura a faca ou o revólver, mas é a sobreposicão de seus discursos ao longo do tempo que distorce o mundo e torna o ato de esfaquear, atirar e atacar banais. Ou, melhor dizendo, “necessários”, quase um pedido do céu. São pessoas como ele que alimentam lentamente a intolerância, que depois será consumida pelos malucos que fazem o serviço sujo.

 

Afinal, que diz a lei contra a homofobia?

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Devido a enorme repercussão do post Dez razões para NÃO aprovar o Casamento Gay no Brasil, eu resolvi republicar do meu antigo Blog, da época da faculdade, um outro post sobre um tema tão debatido nos últimos anos. O texto é de autoria do meu amigo jornalista William De Lucca Martinez. Boa leitura!

Entre a extensa lista de citações do filósofo grego Aristóteles, uma é essencial para que todo este texto faça sentido: “O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”. Ser gay não é o único motivo que me faz acreditar que o projeto de lei substitutivo 122, de 2006, adiciona a discriminação aos homossexuais a lista de crimes da lei º 7.716 seja benéfico para toda a sociedade. O que me faz acreditar neste projeto é seu texto, claro, conciso e objetivo.

Ao contrário do que vociferam pastores evangélicos Brasil a fora, como Silas Malafaia e o senador Magno Malta (PR/ES), a PL122 não torna os gays uma ‘categoria intocável’. A discriminação por orientação sexual (homo/bi/trans e hetero) passa a incorporar o texto de uma lei já existente, que pune o preconceito por raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero e sexo. Aprovada a modificação, a lei ganha o texto ‘orientação sexual e identidade de gênero’ como complemento.

A lei, que já cita uma extensa lista de crimes contra estas fatias da sociedade, adiciona ainda impedir ou proibir o acesso a qualquer estabelecimento, negar ou impedir o acesso ao sistema educacional, recusar ou impedir a compra ou aluguel de imóveis ou impedir participação em processos seletivos ou promoções profissionais para as pessoas negras, brancas, evangélicas, budistas, mulheres, nordestinos, gaúchos, índios, homens heterossexuais, mulheres homossexuais, travestis, transexuais… pra TODO MUNDO! Ou seja, a lei não cria artifícios para beneficiar apenas os gays, mas para dar mais garantias de defesa de seus direitos para toda a sociedade, da qual a comunidade gay está inserida.

O único artigo que cita diretamente novos direitos constituídos a homossexuais é o oitavo, que torna crime “proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos ou cidadãos”, deixando claro que os direitos são de TODOS, e não apenas de um grupo seleto de pessoas.

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Mas e a liberdade de expressão?

O ponto mais criticado por evangélicos, especificamente, é a perda da liberdade de expressão. Ora, onde um deputado em sã consciência faria um projeto desta magnitude e não estudaria a fundo a constituição para evitar incompatibilidades? A PL122 apenas torna crime atos VIOLENTOS contra a moral e honra de homossexuais, o que não muda em nada o comportamento das igrejas neo-pentecostais em relação a crítica. Uma igreja pode dizer que ser gay é pecado? Pode. Assim como pode dizer que ser prostituta é pecado, ser promiscuo é pecado, ser qualquer coisa é pecado. A igreja pode dizer que gays podem deixar o comportamento homossexual de lado e entrar para a vida em comunhão com Jesus Cristo? Pode, claro! Tudo isso é permitido, se há homossexuais descontentes com sua orientação sexual, eles devem procurar um jeito de ser felizes, ou aceitando sua sexualidade ou tentando outro caminho, como a igreja, por exemplo.

Agora, uma igreja pode falar que negros são sujos, são uma sub-raça e que merecem voltar a condição de escravos? Pode dizer que mulheres são seres inferiores, que não podem trabalhar e estudar, e que devem ser propriedade dos maridos? Pode dizer que pessoas com deficiência física são incapazes e por isto devem ser afastadas do convívio social por não serem ‘normais’? Não, não podem. Da mesma forma, que igrejas não poderão dizer (mesmo porque é mentira) que ser gay é uma doença mental, que tem tratamento, que uma pessoa gay nunca poderá ser feliz e que tem de se ‘regenerar’. Isto é uma violência contra a moral e a honra dos homossexuais, e este tipo de conduta ofensiva será passiva de punição assim que a lei for aprovada.

O que a PL 122 faz é incluir. Ela não cria um ‘império Gay’, como quer inadvertidamente propagar um ou outro parlapatão no Senado. A PL 122 não deixa os homossexuais nem acima, nem abaixo da lei. Deixa dentro da lei. Quem prega contra a lei tem medo de perder o direito de ofender, de humilhar, de destruir seu objeto de ódio. Quem prega contra a PL 122 quer disseminar a intolerância. E tudo que nossa sociedade precisa hoje é aprender respeito e tolerância, e descobrir de uma vez por todas que é a pluralidade que torna nossas breves existências em algo tão extraordinário.

Texto publicado originalmente em 12/04/2010
por William De Lucca Martinez

 

Mulheres, não esqueçam… vocês são donas do próprio corpo

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Me deparei com essas ilustrações sendo compartilhadas pelo Facebook hoje e achei genial. A ilustradora mineira Carol Rossetti teve a iniciativa de combater o machismo e o preconceito que as mulheres estão sujeitas com desenhos. As ilustrações tratam desde celulite a opção sexual, passando por tatuagens, racismo e homofobia. Tantos os desenhos, quanto as frases que complementam as obras, são perfeitos. Confira a galeria, curta e o post e compartilhe essa ideia!

 

 

 

Homofobia – Até quando?

Basta-de-Homofobia...

Um menino de apenas oito anos, chamado Alex, que gostava de dança do ventre, lavar louça, forró e brincar de carrinhos, teve seu fígado destroçado pelas repetidas sessões de espancamento que o pai aplicava como “corretivo” para a criança “aprender” a ser homem. Um menino de apenas oito anos sucumbiu por intolerância do pai. Um menino de apenas oito anos, que mal sabe a diferença entre os sexos, foi morto pelas mãos do próprio pai, que, ignorante, não possui a habilidade/vontade em reconhecer e respeitar diferenças.

De acordo com as informações divulgadas em jornais do Rio de Janeiro, o menino Alex morava com a mãe, Digna Medeiros, de 29 anos, que, pelo visto, não era muito dedicada às questões de maternidade, tanto que o Conselho Tutelar de sua cidade estava pressionando para que ela mandasse o filho para a escola. Por viver com a mesada de dois salários-mínimos, dada pelo avô materno da criança, e ameaçada por perder a guarda do menino, Digna achou mais conveniente “enviar” o garoto para o Rio, aos “cuidados” do pai, Alex André, morador de Bangu, Zona Oeste da cidade.

Desempregado e tendo cumprido pena por tráfico de drogas, Alex André batia no filho constantemente, até que no último dia 17, após nova sessão de pancadas, a menino foi levado para um posto de saúde, duas horas depois, com os olhos entreabertos… morto. O laudo do Instituto Médico Legal, bastante descritivo, revela todo o sofrimento: a criança tinha escoriações nos joelhos, cotovelos, perto do ouvido esquerdo, no tórax, na região cervical; apresentava também equimoses na face, no tórax, no supercílio direito, no deltóide, punho esquerdo, braço e antebraços direitos, além de edemas no punho direito e na coxa direita. A legista Áurea Maria Tavares Torres também atestou que o corpo franzino apresentava sinais de desnutrição. Se você quiser saber mais sobre esse caso, clique aqui.

Menino de oito anos morto pelo pai - pitadas do sal
Alex, assassinado pelo pai, beija a barriga da mãe, Digna, quando ainda vivia em Mossoró-Reprodução/Reprodução

Até quando crianças, homens e mulheres seguirão sendo vítima de preconceito, ignorância e repúdio? Quando as cabeças irão se abrir para aceitar algo, que para elas, é diferente? Por quanto tempo ainda esse pensar retrógrado, incutido em nossa sociedade, em grande parte pelas religiões cristã, outra pela cultura machista de um pensar patriarcal irá macular a nossa história?

Sei que o caso do menino Alex não é isolado. Diariamente em, nosso País e pelo mundo, crimes atrozes são cometidos por conta da homofobia. Estudos apontam que no ano de 2012, 266 seres humanos foram mortos no Brasil, assassinados por homofobia. Nos últimos 20 anos soma-se mais de 3.000 homossexuais e transexuais “executados”, sem contar a subnotificação (aquelas mortes que não são comunicadas ou não têm expostos os motivos).

Enquanto isso, o silêncio e a hipocrisia da maioria faz passar incólume casos como esse do menino Alex, que morreu por ser obrigado pelo pai a “aprender a ser homem”.