Ed Motta tá certo e me perdoe os coxinhas!

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Sou brasileiro, “pedreiro”, moro na europa, tenho um subemprego, sinto saudades do Brasil, minha “cultura” musical não é muito vasta, mas gosto de sertanejo universitário, pagode e axé. Sempre que posso gosto de ostentar o pouco que conquistei. Quando vou à festas bebo muito, falo alto e faço questão de ser inconveniente. Sei lá, tenho essa necessidade de chamar atenção. Quando tem algum show de brasileiro por aqui, faço questão de comparecer para matar um pouco as saudades da terrinha. Gosto de ouvir outra pessoa falando português, quero ouvir as músicas que eu gosto e cantar junto… “ai, ai se eu te pego”, “eu quero tchu, eu quero tcha”.

Nossa, como eu sinto falta de música brasileira, é sempre uma festa, tão animada. Vão ter alguns shows do Ed Motta por aqui, vou chamar a turma para agitarmos por lá. Eu sou mais simplório, nunca acompanhei direito a carreira do Ed, mas quero cantar bem alto aquelas que tocaram no rádio como “Manoel”, “Daqui Pro Méier”, “Fora da Lei”, “Colombina”, “Vamos Dançar”… Tomara que ele toque outras músicas conhecidas, pode até ser de outros artistas brasileiros. Eu não falo bem e não entendo direito o inglês. Mas o lance mesmo é a diversão. Vou com minha camisa do mengão, meu relógio novo e, tomara Deus, que o show seja uma festa! O que? não vai ter nada disso? O Ed não vai falar português? Não vai ter “Manoel”? É um show de jazz? Que porra é essa? É de comer? Que merda, não vou nesse show! Puta cara babaca, não vai tocar o que eu quero, não vai falar o que eu quero e ainda vai tocar músicas que eu não conheço. Vou xingar muito no Facebook pra ver se ele muda o repertório. E Vou esperar quando o Michel Teló ou o Tiaguinho se apresentarem por aqui!

Não, não sou melhor nem pior do que as pessoas que não seguem a mesma cartilha que eu. Cada um com seus cada qual. Não é porque a pessoa nunca ouviu John Coltrane, Duke Ellington, Miles Davis, e não saiba sequer onde fica Nova Orleans, que ela será uma pessoa menor. Tão pouco os que conhecem serão superiores. Fato é que a turnê que o Ed Motta fará na europa é para os apreciadores do gênero criado pelas comunidades negras americanas no início do século XX e não para aquelas “simplórias”, que não compram discos, só ouvem o que toca no rádio e o que lhes empurram ouvido abaixo. Não, o show não é para você que é fã do Luan Santana. Ponto.

O que o Ed Motta fez, de modo um pouco incisivo para muitos, foi alertar a esse grupo. “Não gaste seu dinheiro e nem a paciência alheia atrapalhando um trabalho que é realizado com seriedade cirúrgica”. Quem vai se sentir ofendido com esse tipo de “alerta”? Apenas aqueles que se identificarem com o que escrevi no início do texto, ou seja, as pessoas simplórias.

Ah, e para aquelas que adoram odiar tudo na internet, é simples… Não gosta do Ed Motta, não ouça, não perca tempo respondendo ao comentário dele no Facebook. Não gosta de jazz, não vá a um show desse estilo. Quer fazer questão de que é brasileiro sem noção, deixe para gritar em um show de sertanejo, axé ou pagode, onde esses comportamentos são normais e aceitáveis. Cada um na sua vibe, na sua tribo. Mas entrar na página de um músico, independente do tamanho do sucesso que ele tenha aqui ou no exterior, só porque você não concorda com o que ele escreveu, tornando o “assunto” em um fato mais importante do que um monte de desgraça que está acontecendo pelo País, xingando o cara de preto, gordo, feio, careca, só te faz ser tão babaca ou mais do que o Ed Motta que você tanto xingou. O show é do cara, ele toca o que quer, do jeito que quer e vai quem quer. Apenas não vá esperando o que você não vai encontrar em um show dele no exterior. E na boa, pro cara escrever isso, ele, que tem quase 30 anos de carreira, deve estar de saco cheio de aturar bêbado chato atrapalhando o show.

Ah, se sou contra quem vai a um show mais intimista para “farrear” e não para assistir a apresentação? Sim, sou. Acho que não deveriam gastar seu dinheiro e nem a paciência alheia atrapalhando um trabalho que é realizado com seriedade cirúrgica. Sim, me chamem de babaca!

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  TRANSCRIÇÃO DO PEDIDO DO MÚSICO ED MOTTA, EM SEU PERFIL DO FACEBOOK

conforme venho avisando aqui nos últimos 3 anos, eu agradeço e fico honrado em ser prestigiado pela comunidade brasileira, mas é importante frisar, não tem músicas em português no repertório, eu não falo em português no show… Preciso me comunicar de forma que todos compreendam, o inglês é a língua universal, então pelo amor de Deus, não venha com um grupo de brasuca berrando “Manuel” porque não tem, e muito menos gritar “fala português Ed”… O mundo inteiro fala inglês, não é possível que o imigrante brasileiro não saiba um básico de inglês. A divulgação da gravadora, dos promotores é maciça no mundo Europeu, e não na comunidade brasileira. Verdade seja dita, que meu público brasileiro de verdade na Europa, é um pessoal mais culto, informado, essas pessoas nunca gritaram nada, o negócio é que vai uma turma mais simplória que nunca me acompanhou no Brasil, público de sertanejo, axé, pagode, que vem beber cerveja barata com camiseta apertada tipo jogador de futebol, com aquele relógio branco, e começa gritar nome de time. Não gaste seu dinheiro, e nem a paciência alheia atrapalhando um trabalho que é realizado com seriedade cirúrgica, esse não é um show para matar a saudade do Brasil, esse é um show internacional. Que desagradável ter que toda vez dar explicações, e ter que escrever esse texto infame…

Levy Fidelix promove discurso homofóbico em debate

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Entre as bizarrices que somos obrigados a nos deparar quando assistimos o Horário Eleitoral Gratuito ou os Debates promovidos com os presidenciáveis, o discurso homofóbico de Levy Fidelix (PRTB) na madrugada desta segunda-feira, 29, no debate promovido pela TV Record, foi um dos mais deploráveis.

Quando Luciana Genro (Psol) perguntou qual a sua posição frente aos direitos homoafetivos, Fidelix discorreu uma série de colocações ofensivas, preconceituosas e que incitavam a violência contra homossexuais. “Dois iguais não fazem filho”, “aparelho excretor não reproduz” e “Vamos ter coragem! Nós somos maioria! Vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los”, incitou, após até mesmo comparar gays a pedófilos.

Foram 90 segundos de discurso. Fidelix abandonou o discurso “politicamente correto” que adotou em momentos anteriores da campanha. O que se viu nessa madrugada foi uma série de impropérios de ódio aos gays. Isso em uma TV aberta. “Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô, que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto”, bradou sobre o fato de sua opinião o fazer perder votos.

Não satisfeito com o que já declarara, em sua tréplica continuou com seu preconceito: “Vai pra [Avenida] Paulista e anda lá e vê, é feio o negócio”. Ainda citou definindo os homossexuais como “esses que têm esses problemas” e finalizou: “que sejam atendidos no plano psicológico e afetivo mas bem longe da gente, bem longe mesmo, por aqui não dá”.

Bizarro e caricato, Levy Fidelix sempre foi visto como um “personagem” por jornalistas e eleitores. Um pseudopolítico à frente de um partido de aluguel. Agora é conhecido como um homem que incita a violência contra os homossexuais, com um discurso estúpido, demagógico e vulgar. Mas, o mais triste, é perceber que o riso da plateia e parte da população que acompanhou o debate da Record, apoiam o candidato nas redes sociais, com o discurso de que “ele teve coragem de dizer o que pensa”, provando que a violência contra os gays, infelizmente, é socialmente aceito.

Afirmo, Levy Fidelix não é corajoso, é um idiota. Deve ser responsável por seu discurso em rede nacional onde promoveu, para milhares de pessoas que assistiam, o ódio ao ser humano. Fidelix é um criminoso. E lamento os rumos dessa eleição. Ninguém repudiou o discurso deplorável de Fidelix, talvez por medo de perder votos daqueles que concordam com a sandice. Para terminar, deixo uma consideração ao fato, feita pelo jornalista Leonardo Sakamoto:

Pessoas como Levy Fidelix deveriam também ser responsabilizadas por conta de atos bárbaros de homofobia que pipocam aqui e ali – de ataques com lâmpadas fluorescentes na Avenida Paulista a espancamentos no interior do Nordeste. Pessoas como ele dizem que não incitam a violência. Não é a mão delas que segura a faca ou o revólver, mas é a sobreposicão de seus discursos ao longo do tempo que distorce o mundo e torna o ato de esfaquear, atirar e atacar banais. Ou, melhor dizendo, “necessários”, quase um pedido do céu. São pessoas como ele que alimentam lentamente a intolerância, que depois será consumida pelos malucos que fazem o serviço sujo.

 

Como tratar o racismo

O vídeo abaixo mostra uma história que eu já escutei há uns 10 anos. Aquelas histórias que você escuta como se fosse verdade. Seria lindo se fosse, mas na realidade eu descobri essa semana que se trata de um comercial feito há 14 anos, em comemoração ao 50º da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas. Se você, assim como eu, já tinha ouvido a história, assista ao vídeo. É muito bom!

Dê ao racismo o que ele merece