Disco de Rodrigo Santos soa bem aos ouvidos como toda obra pop deve soar

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Motel Maravilha é o nome do quinto disco solo de Rodrigo Santos, cantor, compositor e, para a maioria, o baixista do Barão Vermelho. Porém, já faz seis anos que Rodrigo voa sozinho e aperfeiçoa a cada álbum seu estilo. “Musicaholic”, o músico consegue ainda arranjar espaço em sua agenda para participar de projetos dos amigos, ou mesmo diversificar seu som tocando em outras bandas que também faz parte.

Para dar uma conferida no Motel Maravilha, você pode ouvir as faixas no hotsite do Rodrigo. O trabalho tem participações especiais de músicos como o percussionista Marcos Suzano, parceria com o eterno guitarrista do The Police Andy Summers, além de novas canções com os antigos parceiros George Israel e Mauro Santa Cecília.

No álbum, Rodrigo se preocupou mais com seu lado cantor. É visível, ou melhor, audível a sua evolução como intérprete e toca contrabaixo em apenas quatro canções, das 11 canções do disco.

Desde o grupo Front, do qual fazia parte nos anos 1980, Rodrigo vem sedimentando sua estrada na música brasileira. Por suas cordas já passaram sons da Blitz, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, Léo Jaime, Lobão, Os Britos e Midnight Blues Band, além do Barão Vermelho, é claro.

Em suma, Motel Maravilha comprova que, além de ser o excelente baixista do Barão, Rodrigo Santos é um músico excelente e compositor de primeira. A boa música agradece.

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Aproveite para visitar a página oficial do Rodrigo www.rodsantos.com.br

Segue a entrevista que fiz com Rodrigo por e-mail sobre o novo trabalho e sua carreira

Qual o diferencial, se é que há, desse trabalho para os anteriores?
Rodrigo – Na verdade, em Motel Maravilha eu me concentrei em cantar. Depois de decididas as músicas (apresentei 30 para escolher 11, junto com Nilo Romero, produtor do CD), falei para o Nilo como eu queria cada canção que eu tinha apresentado a ele apenas com voz e violão. Ele foi fazendo no estúdio e me mostrando, eu acrescentava coisas, ideias, direcionamentos e chegávamos a conclusões juntos sobre os arranjos. Gravei apenas quatro dos 11 baixos. Nos outros discos, eu gravei praticamente tudo. Diferentemente dos meus outros CDs solo, nesse coloquei um naipe de metais em quatro das 11 faixas, o que deu um caráter mais festeiro ao projeto. Gravei ainda uma parceria internacional, a música “Me Dê Um Dia A Mais”, com letra minha e música de Andy Summers, meu ídolo e guitarrista do The Police. Fizemos 10 músicas juntos, essa entrou em Motel Maravilha. Acho que há uma evolução vocal e de composição e o Nilo acertou a mão. Ele arrebentou, assim como já havia feito nos discos de Cazuza e Moska.

O que você considera como fator preponderante para manter uma carreira atualmente e cativar o público?
Rodrigo – Repertório bacana e desprendimento. Ir para a estrada com um show forte e mostrar seu trabalho para o maior número de pessoas, se arriscar. Conto a minha história no rock nacional através desses shows, das músicas que gravei com Barão, Lobão…  E do meu próprio repertório, que vai aumentando de disco para disco. No show, tenho um lado de entertainer que gosto de exercitar. O resto vem com o tempo. Estive no Rock In Rio 2011 em carreira solo e estarei novamente em 2013, como solista e também com Os Britos. Com o meu trio atual, Os Lenhadores, estamos fazendo uma média de 20 shows por mês, ou seja, o mercado existe, tem que apresentar trabalhos de qualidade.

Muitos artistas estouram no País mas poucos sobrevivem ao segundo álbum. Você chegou ao quinto. Além da qualidade do seu trabalho, que mais você considera como a chave para essa conquista?
Rodrigo – Persistência e criação. Do limão, a gente faz a limonada. Estar antenado com seu público, criar alternativas para chegar até ele, independente da dificuldade e da distância, ou da resposta financeira. Investir no trabalho, persistir, acreditar e o mais importante, realizar. Tirar do papel a boa ideia e  fazer chegar às ruas, aos ouvintes, aos espectadores.

Como é chegar ao quinto disco, em uma época que a indústria fonográfica está tão distante dos seus tempos áureos, como nas décadas de 1970 a 1990?
Rodrigo – O mercado está diferente mesmo, mas as necessidades ainda permanecem as mesmas, apenas trocou de mãos. O objetivo continua sendo fazer o CD chegar ao maior número possível de pessoas, que as canções se tornem conhecidas através de shows, da mídia em geral, portanto, através do trabalho de distribuição e divulgação. Hoje em dia, em 90% dos casos, é o próprio artista, com seus próprios recursos, quem cuida dessas funções – como o CD já não tem o mesmo retorno em vendas, como nas décadas de 80 e 90,  as gravadoras (as poucas que existem) não investem quase nada no marketing dos produtos que lança. O que fiz desde 2007, quando comecei minha carreira solo, foi concentrar as minhas forças na criação, sem me importar em saber como estava o mercado fonográfico, afinal, é preciso criar novas ideias, fazer a roda girar. Inventei shows em cima de uma Kombi, nunca fiquei parado esperando alguém fazer alguma coisa por mim. As redes sociais são importantíssimas nessas horas: eu usei muito a Internet, primeiro com o Orkut, depois Twitter e agora com 3 canais no Facebook.

O que você destacaria do seu trabalho solo, que você jamais conseguiria realizar no Barão?
Rodrigo – Cantar é o principal diferencial, mas acho que o mais importante é que não deixo de curtir ser o baixista do Barão, é uma honra pra mim. Por outro lado, adoro cantar e no Barão já tem um grande cantor, que é o Frejat, então, achei meu jeito de cantar e, principalmente, de entreter as plateias. Fazia isso nos Britos, mas com músicas dos Beatles. Aqui faço com as minhas próprias canções ou com “usucapião” das que gravei nos últimos 30 anos. No meu show canto minha história, seja solo, com Leo Jaime, Miquinhos Amestrados, Kid Abelha, Blitz, Lobão… Sou eu comigo mesmo. E com a presença de dois dos meus amigos e parceiro que representaram cada uma dessas épocas, pré Barão e pós Barão: Kadu Menezes e Fernando Magalhães, com  os quais tenho o power trio Os Lenhadores. A carreira solo também me deu a chance de gravar meus clipes (a música Remédios ganhou clipe com a participação do grande Miéle), fazer projetos com Roberto Menescal, ter cantado com o Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Leoni e muitos outros. Essa á a minha realidade nos últimos seis anos.

O que te inspira a compor?
Rodrigo – O cotidiano, tudo o que acontece ao meu redor, perto de mim ou dentro da minha cabeça, que não para um segundo. E também a vontade de sempre andar para frente. Conversas com meus filhos, com a minha mulher sempre se desdobram em letras, minha história pessoal também. E não paro de compor, todo dia escrevo letras, componho melodias…

Como está o relacionamento com os outros integrantes do Barão e se há algum plano de reunir o grupo novamente para algum trabalho novo?
Rodrigo – Está ótimo! A turnê dos 30 anos foi maravilhosa e curtimos bastante cada show. Foi curta, mas intensa. Vem um documentário pela frente, mas não há previsão de volta.