Top 10 – Discos de Vinil Nacionais

Cresci na transição do analógico para o digital e considero isso uma questão muito positiva. Ao mesmo tempo em que aprecio as maravilhas desse mundo novo que a Internet nos proporciona, onde entro em  contato com uma gama de informações que jamais poderia sonhar nos idos de 1980, por exemplo, aprendi também o valor de se apreciar música de qualidade, com calma. Sou da época dos discos de vinil (pré-MP3), onde um álbum era sorvido faixa a faixa, os dois lados do disco. Lia todo o encarte com a ficha técnica, as letras, os compositores. Hoje tudo é muito corrido e dificilmente me sobra tempo para esse “antigo” ritual, mas sempre que possível ouço um álbum na íntegra, como nos velhos tempos. Dito isto, selecionei 10 discos nacionais que me influenciaram e ajudaram a moldar o que sou hoje. Abaixo estão os MEUS melhores discos (nacionais e internacionais) e que, se eu fosse você, não deixaria de ouvir.

Roberto Carlos em Ritmo de Aventura - Pitadas do Sal
Roberto Carlos em Ritmo de Aventura – 1967

Trilha sonora do filme homônimo, estrelado por Roberto Carlos, esse disco fez parte da minha formação musical, na década de 1970, junto a outros discos do Rei. Esse marcou pela qualidade das músicas, o ritmo das canções e, claro, por remeter as cenas do filme, “inspirado” em Os Reis do Iê-Iê-Iê e Help!, dos Beatles. Roberto Carlos em Ritmo de Aventura contém os clássicos “Como é Grande o Meu Amor Por Você“, “Eu Sou Terrível“, “Quando“, “Por Isso Corro Demais” e “Você Não Serve Pra Mim“.

A Arte de Caetano Veloso - Pitadas do Sal
A Arte de Caetano Veloso (Coetânea) – 1975

Essa coletânea de Caetano Veloso, lançado em meados da década de 1970, foi inserida em meu lar, ao lado de uma coletânea no mesmo estilo de Gilberto Gil, por meu pai. Ao lado dos discos do Roberto Carlos, essa coletânea rodou muitas vezes na agulha da minha vitrola portátil da Philips, presente de aniversário de minha mãe. Lembro que ouvia e me identificava mais com as canções de Caetano Veloso, que as do Gil. Com essa coletânea dupla tomei contato, conscientemente, com clássicos como “London, London“, “Alegria, Alegria“, “Tropicália“, “Baby“, “Não Identificado“, entre outros…

As Aventuras da Blitz - 1982
As Aventuras da Blitz – 1982

Ouvi “Você Não Soube Me Amar” pela primeira vez no verão de 1982, em um radinho de pilha de um colega que morava em frente a minha casa, no subúrbio do Rio de Janeiro. Passava das 18 horas e lembro que fui contagiado com algo diferente. Poucas vezes eu me emocionei tanto com uma música nova. “Eu tinha 12 anos e ainda me lembro do dia…”. Algumas semanas depois eu ganhei o compacto com a icônica canção, brinde de uma promoção do shampoo Wella Seleção. Quando finalmente o primeiro LP da Blitz foi lançado, no segundo semestre do ano, meu pai me presenteou, comprando-o na extinta Mesbla. Recordo com muita clareza a primeira audição. “Salve, salve senhoras e senhores e rapaziada em geral (aumentem o som)…”, eram os primeiro versos da música de abertura, “Blitz Cabeluda“. Perdi as contas de quantas vezes ouvi o disco naquela semana. Esse, sem dúvida, foi o disco mais influente em minha vida. Posso afirmar com certeza que por conta dele, e da própria banda, lógico, eu “aprendi” a tocar gaita, estudei teatro no O Tablado, tive algumas bandas pelo Rio e fora dele e passei a “aperfeiçoar” meu gosto musical com o som produzido pelas bandas dos anos 1980 e os artistas que as influenciaram. Sem contar que esse álbum foi responsável pela “abertura” das portas das gravadoras para vários outros artistas que vieram na cola da Blitz, como Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens e Barão Vermelho.  Um marco.

Cenas de Cinema - Pitadas do Sal
Lobão – Cenas de Cinema – 1982

Logo após gravar o primeiro LP da Blitz como baterista, Lobão nem esperou o lançamento do disco e tratou de correr atrás de seu próprio álbum solo, já gravado previamente com a colaboração de luxuosos amigos como Lulu Santos, Ricardo Barreto, Marcelo Sussekind, Marina Lima e Ritchie. A música que dá nome ao disco, “Cena de Cinema” e  “Doce da Vida” tocaram razoavelmente bem na Rádio Fluminense, mas o disco vendeu próximo de 6 mil cópias apenas, saindo em seguida de catálogo. Cena de Cinema é um clássico para mim e um dos discos mais subestimados dos anos 1980. O vinil, assim como a edição em CD lançada em 1991, são raridades. O primeiro mais do que o segundo. Eu tenho os dois. 😉

Barão Vermelho 1982 - Pitadas do Sal
Barão Vermelho – 1982

Batizado simplesmente como Barão Vermelho, o primeiro LP da banda é o meu preferido nacional, “ever”. Rock puro, urgente, com letras inteligentes (hoje consideradas obras-primas). Eu escrevi um post especial para esse disco, que você pode ler clicando aqui.

Vôoa de Coração - Pitadas do Sal
Ritchie – Vôo de Coração – 1983

Vôo de Coração é o nome do primeiro álbum do músico inglês, Ritchie. Lançado em 1983, o disco fez enorme sucesso, com mais de 700 mil cópias vendidas e desbancou o próprio Roberto Carlos das paradas de sucesso daquele ano.O álbum possui os sucessos “Menina Veneno“, “Casanova“, “Pelo Interfone” e “A Vida Tem Dessas Coisas“. Foi gravado com a colaboração de vários amigos do cantor, como Lulu Santos, Lobão, Liminha e Steve Hackett (ex-Genesis). Hoje o disco parece soar datado, já ouvi algumas pessoas que taxam o disco de brega. Nada disso. Na época de seu lançamento, o LP possuía um som moderno, rico, bem produzido e muito bem arranjado. Um disco bem resolvido. Outro clássico subestimado dos anos 1980.

RPM - Revoluções Por Minuto - 1985
RPM – Revoluções Por Minuto – 1985

O pop rock nacional nos anos 1980 pode ser dividido pós e pré RPM. A banda liderada por Paulo Ricardo, principal compositor do grupo, ao lado do tecladista Luiz Schiavon, rompeu várias barreiras no cenário musical brasileiro, não só em vendagens, ultrapassando a marca do milhão de cópias vendidas, mas também na produção e divulgação de um artista. Os shows do RPM se tornaram verdadeiros espetáculos, regados a laser e iluminação comandada por Ney Matogrosso, que também assinava a produção. O primeiro LP, Revoluções por Minuto, traz tudo o que o RPM representou na música brasileira, na segunda metade dos anos 1980. “Louras Geladas“, “Rádio Pirata“, “A Cruz e a Espada“, “Olhar 43“, está tudo lá. O disco figura na lista dos 100 maiores discos da música brasileira, compilada pela revista Rolling Stones Brasil.

Titãs - Cabeça Dinossauro - 1986
Titãs – Cabeça Dinossauro – 1986

Divisor de águas na carreira do grupo Titãs, Cabeça Dinossauro é um dos melhores discos de rock nacional já lançado. O grupo (mais new-wave nos dois primeiros discos) buscava uma sonoridade própria, única, pesada. Temas como religião, polícia e família ganham registros em forma de punk-rock, funk e reggae. Das 13 faixas do álbum, 11 foram executadas nas rádios, incluindo a censurada “Bichos Escrotos“, com os versos “vão se fuder”. Faz parte desse disco os clássicos dos Titãs: AA-UU; Igreja; Polícia; Estado Violência; Família; Homem Primata e O Quê.

Legião Urbana - Dois
Legião Urbana – Dois – 1986

Contrário a sonoridade pesada do disco dos Titãs, Cabeça Dinossauro, lançado um mês antes, o segundo disco da Legião Urbana mostra um amadurecimento na sonoridade do grupo e uma mudança tão grande, comparado ao disco de estreia da banda, que o lançamento por si só poderia ser considerado arriscado. Mas o que se ouve nas 12 faixas lançadas por Renato Russo, Renato Rocha, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá é uma canção mais bacana que a outra e a mudança não causou estranheza nos fãs do grupo, tanto que “Dois” vendeu mais que o primeiro álbum. O disco vendeu 1,2 milhões de cópias a época de seu lançamento, alavancando a Legião Urbana para a estratosfera do rock nacional e transformando Renato Russo em “guru” para muitos (não é o meu caso). Clássicos como “Tempo Perdido“; “Quase Sem Querer“; “Índios” e “Eduardo e Mônica” tocaram exaustivamente nas rádios de todo País e são considerados os grandes clássicos da banda, ainda hoje.

A Revolta dos Dandis - Pitadas do Sal
Engenheiros do Hawaii – A Revolta dos Dandis – 1987

O segundo disco dos gaúchos dos Engenheiros do Hawaii, também marca uma mudança na sonoridade da banda, além da mudança na formação do primeiro disco, o Longe Demais das Capitais. Sai Marcelo Pitz, baixista com influência de reggae e ska, som que caracteriza o LP inicial do grupo e entra o guitarrista Augusto Licks, que era da banda de outro gaúcho, o músico Nei Lisboa. Humberto Gessinger, líder e principal compositor assume o baixo e elementos no som da banda evoca alguns dos seus ídolos, como Rush e Pink Floyd, além da estética existencialista das letras de Gessinger, influenciado por Sartre e Camus. A primeira audição, comparado com o que rolava na época, do segundo disco dos Engenheiros não é fácil, e isso foi o que mais me atraiu nele, pois fugia do senso comum das bandas da segunda metade dos anos 1980. Mais lírico, acústico e introspectivo, “A Revolta dos Dândis” nos apresenta canções como “Terra de Gigantes”, a épica “Infinita Highway”, “Refrão de Bolero”; “Vozes” e a canção que viria a batizar o primeiro fã-clube da banda, “Além-dos-Outdoors”, fundado por mim e meus amigos de adolescência Egon, Beto e Kiko.

Foi no lançamento desse disco, em fev/mar de 1988, que eu realizei um sonho de garoto, subir no palco com uma banda e encarar uma platéia. No auge dos meus 17 anos, eu acompanhei o power trio no palco do Teatro Ipanema, no RJ, tocando gaita, em A Revolta dos Dândis II, quarta música do set list do show. O fato rendeu até uma citação na crítica da revista Bizz, assinada pela jornalista Sônia Maia… o resto é história. =)

Barão Vermelho: O Primeiro a gente nunca esquece

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“Pouco importa o que essa gente vá falar mal, falem mal. Eu já to pra lá de rouco, louco total… Eu sou o teu amor entenda. Você precisa descobrir o que está perdendo. É, o que está perdendo!”. Assim o Barão Vermelho estreava em 1982, no primeiro álbum do grupo, batizado simplesmente como “Barão Vermelho”.

Vivendo ainda sob o regime da ditadura, um período mais “brando”, com o general João Figueiredo no poder, a juventude brasileira não se identificava muito com o que rolava no dial. Bastou uma cena carioca, uma rádio e um local de shows para impulsionar as bandas que já existiam. Pronto, estava dado o pontapé inicial no que foi considerado o “boom” do Rock Brasil, com Blitz, Lulu Santos e Barão Vermelho abrindo as portas.

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Gravado em dois finais de semana e lançado pela Som Livre em 27 de setembro, o primeiro álbum do Barão é o disco mais cru, visceral e genial do rock brasileiro. Seu som de garagem, gravado com urgência e pujança, foi mal registrado nos estúdios da gravadora, é verdade, o som é abafado e chapado, pois a mixagem não prezou pela qualidade, mas esse fato é menor ante a qualidade de suas canções. Letra e Música combinavam perfeitamente, com o punch stoneano que era evidente no som da molecada na faixa dos seus 18 anos. Guto Goffi, Maurício Barros, Dé Palmeira e Roberto Frejat possuíam o feeling das músicas, do rock travesso e Cazuza, o principal letrista e vocalista, se encaixava como uma luva com sua poesia e escracho.

Misturando Dolores Duran e Cartola, com Rolling Stones e Bob Dylan, blues, rhythm blues, rock e MPB fazem a fusão do caldeirão do Barão e faz com que o disco traga tantos petardos reunidos que fica difícil imaginar que uma garotada pudesse produzir som tão maduro. Sob a supervisão do saudoso Ezequiel Neves e Guto Graça Mello, “Down em Mim”, “Ponto Fraco”,” Billy Negão”, “Conto de Fadas”, “Bilhetinho Azul” e a clássica “Todo Amor que Houver Nessa Vida”, entre outras, não foram totalmente compreendidas, na época, pela galera que estava ouvindo “A vida melhor no futuro”, do Lulu, ou o “Chope com batata-frita” da Blitz e vendeu muito pouco, mas o tempo se encarregou de colocar o álbum e suas canções para a história.

A partir deste disco o Barão Vermelho deixou sua marca na história do rock brasileiro, sendo, ao lado de Titãs, Paralamas do Sucesso e Legião Urbana, uma das mais influentes bandas brasileiras. O disco completou três décadas em 2012 e foi remixado pelos Barões remanescente para um lançamento comemorativo. Esse não pode faltar na sua coleção!

Guitarrista do Barão lança segundo solo instrumental com rock na veia

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Em meio a lançamentos de discos nacionais de qualidade questionável, um disco de Rock, no que de melhor o termo representa, vem bem a calhar. Quando esse disco se mantém fiel ao básico, ao Rock direto, certeiro, sem firúlas, mas com amor ao ritmo transbordando em cada acorde, a novidade é mais que bem vinda. Dessa forma, o novo trabalho solo do guitarrista e compositor Fernando Magalhães, Rock It! é um bálsamo para os ouvidos tanto dos puristas, quanto para os simples amantes do gênero.

Lançado digitalmente pela Agência Digital e recém editado em CD pelo selo Toca Discos, Rock It! é a segunda incursão de Fernando em mostrar ao público um trabalho inteiramente instrumental (seu solo de estreia foi em 2007).

As 10 faixas do disco foram compostas por Fernando e pelo ex-Herva Doce, Roberto Lly, que também produziu o disco. “O Roberto é um músico de extremo talento. Como produtor, é um cara que resolve as coisas, não é de ficar dando voltas: você sugere algo e ele prontamente tenta executar, geralmente melhor do você imaginou. É um mestre do estúdio, com um bom gosto impecável. Além de tudo isto, é um ser humano maravilhoso, um grande amigo e companheiro. Fico muito honrado dele estar comigo nos dois CDs”, comemora Fernando.

Sobre o fato de ser um disco de rock instrumental, Fernando sabe que o mercado brasileiro não é tão afeito a esse nicho, mas que há um público fiel e é essa demanda que Rock It! veio suprir. “A música instrumental no Brasil tem o seu foco em festivais de Jazz e Blues, acontece em lugares específicos, para apreciadores deste gênero musical. Agora, o Rock instrumental, até para estes poucos espaços, às vezes é visto com certa estranheza. É um tipo de música para os fãs de rock, que não tem vínculo com o que faz sucesso nas paradas. Acho que é este público alvo que tem que ser alcançado, por meio da internet, imprensa especializada e rádios rock sérias. É um público grande e muito fiel, apesar de não tão aparente como o de uma banda de pop/rock.

Para a gravação de Rock It”, Fernando foi buscar inspiração na fonte primordial do rock, como AC/DC, Rolling Stones, The Who, Tuti Frutti e rock clássico em geral. “Por curiosidade, sempre gostei de bandas, nunca fui muito de comprar e ouvir discos solo de guitarristas, mas é claro que adoro vários, como Jeff Beck, Robin Trower, Joe Satriani“, destaca o guitarrista que iniciou no instrumento no final da década de 1970. Dessa época, até 1985, Fernando tocou e compôs com várias bandas de amigos, até ingressar no Barão Vermelho, onde ajudou a moldar o som do grupo carioca.

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Fernando se inspira no rock clássico para compor seus sons

“Guitarras fazem o papel dos vocais”

Para o repertório do novo álbum, o guitarrista e compositor Fernando Magalhães lembra que as canções passeiam por ” variações e moods distintos: da aceleração da faixa título à suavidade de Olhando o Céu e Anos Luz“, explica. “Se você toca Jazz, Blues, Fusion, as pessoas compreendem mais o termo “instrumental”, mas com o Rock, parece haver um certo estranhamento. Eu abri dois shows do Joe Satriani, no Rio e em Sampa, e fui super bem recebido, o público ficou bem atento e interessado. Existe um público para o rock instrumental e quando ele gosta do que ouve, se torna fiel aos artistas”, acredita Fernando.

No estúdio, a parceria Fernando e Roberto Lly contou com os luxuosos auxílios de músicos e amigos com os quais tem muita afinidade: Pedro Strasser (baterista do Blues Etílicos), Sergio Villarim (teclados), que já haviam participado do disco de estreia do guitarrista, além de Sergio Melo (bateria), Kadu Menezes (bateria), Humberto Barros (teclados) e o Barão Mauricio Barros (teclados). Humberto Barros é autor ainda da Ilustração da capa do CD: “Este é um CD dedicado a minha infância e adolescência, no final dos anos 70. Passei esta ideia e o Humberto veio com esta capa linda, que diz tudo”.

Sobre as diferenças que pontuam seus dois solos, Fernando considera o segundo trabalho mais fácil, mais simples, e bem roqueiro. “Não é um disco apenas para os músicos ouvirem e gostarem, e sim para quem gosta de rock. O meu primeiro CD era mais Hard Rock, passeava por improvisações.Rock it! é mais Rock’n’Roll, mais reto, sem tantas mudanças dentro das músicas. Quando falo “fácil”, não estou dizendo que não tenha profundidade, mas sim que ele segue uma linha mais objetiva”, define.

Disco de Rodrigo Santos soa bem aos ouvidos como toda obra pop deve soar

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Motel Maravilha é o nome do quinto disco solo de Rodrigo Santos, cantor, compositor e, para a maioria, o baixista do Barão Vermelho. Porém, já faz seis anos que Rodrigo voa sozinho e aperfeiçoa a cada álbum seu estilo. “Musicaholic”, o músico consegue ainda arranjar espaço em sua agenda para participar de projetos dos amigos, ou mesmo diversificar seu som tocando em outras bandas que também faz parte.

Para dar uma conferida no Motel Maravilha, você pode ouvir as faixas no hotsite do Rodrigo. O trabalho tem participações especiais de músicos como o percussionista Marcos Suzano, parceria com o eterno guitarrista do The Police Andy Summers, além de novas canções com os antigos parceiros George Israel e Mauro Santa Cecília.

No álbum, Rodrigo se preocupou mais com seu lado cantor. É visível, ou melhor, audível a sua evolução como intérprete e toca contrabaixo em apenas quatro canções, das 11 canções do disco.

Desde o grupo Front, do qual fazia parte nos anos 1980, Rodrigo vem sedimentando sua estrada na música brasileira. Por suas cordas já passaram sons da Blitz, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, Léo Jaime, Lobão, Os Britos e Midnight Blues Band, além do Barão Vermelho, é claro.

Em suma, Motel Maravilha comprova que, além de ser o excelente baixista do Barão, Rodrigo Santos é um músico excelente e compositor de primeira. A boa música agradece.

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Aproveite para visitar a página oficial do Rodrigo www.rodsantos.com.br

Segue a entrevista que fiz com Rodrigo por e-mail sobre o novo trabalho e sua carreira

Qual o diferencial, se é que há, desse trabalho para os anteriores?
Rodrigo – Na verdade, em Motel Maravilha eu me concentrei em cantar. Depois de decididas as músicas (apresentei 30 para escolher 11, junto com Nilo Romero, produtor do CD), falei para o Nilo como eu queria cada canção que eu tinha apresentado a ele apenas com voz e violão. Ele foi fazendo no estúdio e me mostrando, eu acrescentava coisas, ideias, direcionamentos e chegávamos a conclusões juntos sobre os arranjos. Gravei apenas quatro dos 11 baixos. Nos outros discos, eu gravei praticamente tudo. Diferentemente dos meus outros CDs solo, nesse coloquei um naipe de metais em quatro das 11 faixas, o que deu um caráter mais festeiro ao projeto. Gravei ainda uma parceria internacional, a música “Me Dê Um Dia A Mais”, com letra minha e música de Andy Summers, meu ídolo e guitarrista do The Police. Fizemos 10 músicas juntos, essa entrou em Motel Maravilha. Acho que há uma evolução vocal e de composição e o Nilo acertou a mão. Ele arrebentou, assim como já havia feito nos discos de Cazuza e Moska.

O que você considera como fator preponderante para manter uma carreira atualmente e cativar o público?
Rodrigo – Repertório bacana e desprendimento. Ir para a estrada com um show forte e mostrar seu trabalho para o maior número de pessoas, se arriscar. Conto a minha história no rock nacional através desses shows, das músicas que gravei com Barão, Lobão…  E do meu próprio repertório, que vai aumentando de disco para disco. No show, tenho um lado de entertainer que gosto de exercitar. O resto vem com o tempo. Estive no Rock In Rio 2011 em carreira solo e estarei novamente em 2013, como solista e também com Os Britos. Com o meu trio atual, Os Lenhadores, estamos fazendo uma média de 20 shows por mês, ou seja, o mercado existe, tem que apresentar trabalhos de qualidade.

Muitos artistas estouram no País mas poucos sobrevivem ao segundo álbum. Você chegou ao quinto. Além da qualidade do seu trabalho, que mais você considera como a chave para essa conquista?
Rodrigo – Persistência e criação. Do limão, a gente faz a limonada. Estar antenado com seu público, criar alternativas para chegar até ele, independente da dificuldade e da distância, ou da resposta financeira. Investir no trabalho, persistir, acreditar e o mais importante, realizar. Tirar do papel a boa ideia e  fazer chegar às ruas, aos ouvintes, aos espectadores.

Como é chegar ao quinto disco, em uma época que a indústria fonográfica está tão distante dos seus tempos áureos, como nas décadas de 1970 a 1990?
Rodrigo – O mercado está diferente mesmo, mas as necessidades ainda permanecem as mesmas, apenas trocou de mãos. O objetivo continua sendo fazer o CD chegar ao maior número possível de pessoas, que as canções se tornem conhecidas através de shows, da mídia em geral, portanto, através do trabalho de distribuição e divulgação. Hoje em dia, em 90% dos casos, é o próprio artista, com seus próprios recursos, quem cuida dessas funções – como o CD já não tem o mesmo retorno em vendas, como nas décadas de 80 e 90,  as gravadoras (as poucas que existem) não investem quase nada no marketing dos produtos que lança. O que fiz desde 2007, quando comecei minha carreira solo, foi concentrar as minhas forças na criação, sem me importar em saber como estava o mercado fonográfico, afinal, é preciso criar novas ideias, fazer a roda girar. Inventei shows em cima de uma Kombi, nunca fiquei parado esperando alguém fazer alguma coisa por mim. As redes sociais são importantíssimas nessas horas: eu usei muito a Internet, primeiro com o Orkut, depois Twitter e agora com 3 canais no Facebook.

O que você destacaria do seu trabalho solo, que você jamais conseguiria realizar no Barão?
Rodrigo – Cantar é o principal diferencial, mas acho que o mais importante é que não deixo de curtir ser o baixista do Barão, é uma honra pra mim. Por outro lado, adoro cantar e no Barão já tem um grande cantor, que é o Frejat, então, achei meu jeito de cantar e, principalmente, de entreter as plateias. Fazia isso nos Britos, mas com músicas dos Beatles. Aqui faço com as minhas próprias canções ou com “usucapião” das que gravei nos últimos 30 anos. No meu show canto minha história, seja solo, com Leo Jaime, Miquinhos Amestrados, Kid Abelha, Blitz, Lobão… Sou eu comigo mesmo. E com a presença de dois dos meus amigos e parceiro que representaram cada uma dessas épocas, pré Barão e pós Barão: Kadu Menezes e Fernando Magalhães, com  os quais tenho o power trio Os Lenhadores. A carreira solo também me deu a chance de gravar meus clipes (a música Remédios ganhou clipe com a participação do grande Miéle), fazer projetos com Roberto Menescal, ter cantado com o Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Leoni e muitos outros. Essa á a minha realidade nos últimos seis anos.

O que te inspira a compor?
Rodrigo – O cotidiano, tudo o que acontece ao meu redor, perto de mim ou dentro da minha cabeça, que não para um segundo. E também a vontade de sempre andar para frente. Conversas com meus filhos, com a minha mulher sempre se desdobram em letras, minha história pessoal também. E não paro de compor, todo dia escrevo letras, componho melodias…

Como está o relacionamento com os outros integrantes do Barão e se há algum plano de reunir o grupo novamente para algum trabalho novo?
Rodrigo – Está ótimo! A turnê dos 30 anos foi maravilhosa e curtimos bastante cada show. Foi curta, mas intensa. Vem um documentário pela frente, mas não há previsão de volta.